O cristão idiota
- Diogo Crotti
- 30 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de mai. de 2019
Não fique chateado com o termo. Sua chateação apenas demonstra sua espiritualidade fajuta. Tenho certeza que já disse coisa pior para sua mãe, esposa ou namorada, portanto tenha calma e leia.

O cristão consumista é conhecido por Pierre Bourdie como “consumidor de bens simbólicos”. Na cabeça desse cristão a igreja é um grande Shopping cheio de produtos à venda. O idiota é facilmente enganado.
Lewis, em sua fina ironia sarcástica, foi pontual novamente, ao afirmar que o cristão que “tenha feito do mundo um fim e da fé um meio.” (LEWIS, 2017,p.50) está no caminho do diabo. O cristão dessa estirpe idiotizada tenta, dentro da sua loucura espiritualizada, comprar Deus com sua fé pragmática. Ele, subjetivamente, resgata o espirito medieval das indulgencias, e torna-se uma máquina de aquisição de bens invisíveis. Está atrás de bênçãos e mais bênçãos!
O idiota frequenta uma igreja histórica aos domingos para ouvir um bom sermão, segunda toma um passe no centro espírita, terça vai num culto de batalha espiritual, quarta procura por uma célula, quinta almeja uma revelação num culto às 15h na casa de uma senhora pentecostal, sexta limpa a alma no “descarrego”, e sábado está nos longos cultos das igrejas neo pentecostais de 3h em busca de energizar a alma, e domingo está lá novamente numa igreja histórica.
Essa jornada espiritual semanal seria facilmente desconstruída pela simples leitura da Bíblia, coisa que com certeza não faz, como também deixaria de ser estupido e pararia com a espiritualidade pragmática que vive atrás do que funciona. Sei que alguns são enganados por ingenuidade, outros porque são idiotas mesmos.
Ele é tão religioso que defende sua espiritualidade sincrética com unhas e dentes. Briga com todo mundo. Perde a amizade. Sua vida de piedade é zero, pois terceirizou às instituições religiosas que frequenta. Ele é tão idiota que não percebeu que defende mais os sistemas “teológicos” do que a própria fé cristã. Em suma, ele trocou Deus, pelos sistemas religiosos, como disse Lewis, meu parça: “Desde que os encontros, as panfletagens, as políticas, os movimentos, as causas e as cruzadas importem mais para ele do que as orações, os sacramentos e a caridade, ele será nosso – e quanto mais ‘religioso’ forem os homens, mais seguramente os teremos em nossas mãos. Há jaulas (no inferno) repletas de gente desse tipo aqui embaixo.”
Bom, já mencionei em outro texto que não gosto de encerrar com citação, mas fiz novamente, portanto não há o que fazer.
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